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16/06/2021 | 10:40 am

Comunicação para combater as fake news na área da Saúde

Desde o final de 2019, com o advento da pandemia imposto pela rápida disseminação do Vírus causador da Covid-19 o mundo vivencia uma das pandemias mais preocupantes da humanidade. Com ela, passamos por diversas situações desafiadoras, incluindo a disseminação das fake News, sobretudo relacionadas as estratégias orientadas pelas autoridades de saúde e os impactos da covid-19, colocando em risco a população e prejudicando o acesso à informação de qualidade que pode até mesmo salvar vidas.

De acordo com uma pesquisa realizada pela rede para mobilização social Avaaz.org, cerca de 110 milhões de pessoas acreditam em pelo menos uma notícia falsa sobre a pandemia no Brasil. Os dados correspondem a cerca de sete em cada 10 brasileiros que acreditam, entre outras notícias falsas, em publicações que afirmam que máscaras oferecem risco à saúde, que termômetros infravermelhos causam doenças cerebrais, que o vírus teria sido criado em laboratório e que a vacina contra a covid-19 pode chegar a alterar o DNA humano e até mesmo inserir um microchip no corpo do vacinado.

A pesquisa aponta que são as redes sociais as maiores responsáveis pela propagação de fake news, principalmente as redes de comunicação WhatsApp e Facebook, que foram amplamente citadas pelos entrevistados.

Na contramão desse desserviço à comunidade e à população, os jornalistas e profissionais da saúde se unem em prol da valorização e disseminação de informações de qualidade através de fontes seguras, a fim de combater os impactos do compartilhamento de notícias falsas que podem, inclusive, ser fatais e afetar diretamente a vida de muitas pessoas.

Mas, afinal, o que são as fake news?

O termo se tornou muito popular em todo o mundo. Mas, afinal, o que são as ditas fake news?

Do inglês, o termo fake news significa “notícias falsas”, em tradução livre. Ele é utilizado principalmente para definir e identificar informações, rumores, boatos ou notícias imprecisas e duvidosas que podem ser produzidas por qualquer pessoa e publicadas ou divulgadas, principalmente, na internet.

Geralmente, esse conteúdo é criado e disseminado com o intuito de difamar, desacreditar ou gerar dúvidas sobre um alvo escolhido. Os fatores que pesam na criação das fake news são variados e podem ter interesses políticos, econômicos ou sociais por trás, o que torna a prática ainda mais perigosa.

A partir das eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, em que diversos conteúdos e matérias falsas foram divulgadas, principalmente sobre a candidata à presidência, Hillary Clinton. O termo ganhou maior destaque e expandiu em repercussão – a ponto de ser eleito o termo do ano pelo dicionário Collins em 2017.

Compartilhados de forma massiva pelos eleitores do candidato Donald Trump, os conteúdos eram destinados a deslegitimar a validade da candidatura de Hillary, além de criar boatos e histórias fabricadas em torno de sua reputação e sua vida pessoal e pública.

Um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, apontou que somente em 2019 70 países fizeram uso inapropriado de campanhas políticas de desinformação para desacreditar a oposição. Em 2017, eram apenas 28, o que indica um crescimento de 150% em apenas dois anos.

Mesmo assim, o termo não é nenhuma novidade, tampouco a utilização de boatos com o intuito de difundir notícias sobre figuras públicas e pessoas famosas.

De acordo com cientistas de dados do MIT (Massachusetts Institute of Technology), os efeitos causados pelas fake news de política são mais virais do que qualquer outra categoria, mas elas também se aplicam a histórias sobre lendas urbanas, negócios, terrorismo, ciência, entretenimento e desastres naturais.

Na Itália do século XVI, a criação dos pasquins, que são jornais ou folhetos caluniosos (ou ainda textos satírico colado em locais públicos), deu início à prática de disseminar notícias, em sua maioria falsas, sobre figuras públicas, principalmente para prejudicar suas imagens ou criar debates sobre temas em torno de suas vidas.

Os impactos e riscos da disseminação de fake news

Graças aos avanços tecnológicos e ao advento da internet, a disseminação de informações se tornou muito mais simples e rápida. Porém, enquanto consumir e compartilhar notícias de fontes seguras e confiáveis ficou muito mais fácil, a propagação de fake news também alcançou proporções alarmantes, como por exemplo, crenças que geram alterações emocionais como, medo, insegurança e sofrimento.

Em um momento de incerteza e medo, como o que estamos vivendo, os cidadãos tendem a procurar e acreditar em informações que podem oferecer uma sensação de segurança. Com isso, a propagação de fake news se tornou viral, impulsionada principalmente pelo comportamento suscetível favorecido pela busca por conforto e alívio da população.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Decode Pulse e divulgada em 2020, só em 2019, o Brasil teve cerca de 9 bilhões de cliques em notícias falsas. Como vemos, apresentando um risco potencial à saúde pública, as fake news já são tema de diversas pesquisas que revelam dados alarmantes em todo o país.

Com a pandemia do novo coronavírus, o contexto atual abriu espaço para que as fake news na área da saúde crescessem ainda mais. De acordo com um estudo realizado pela ENSP (Escola Nacional de Saúde Pública), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), 65% das informações falsas que circularam em 2020 apresentavam métodos caseiros para prevenir a covid-19.

Identificadas como as principais notícias falsas relacionadas à pandemia, a pesquisa, elaborada com base em denúncias encaminhadas para o aplicativo “Eu Fiscalizo”, levantou os riscos da disseminação de informações com métodos sem comprovação científica e que não são indicados pelas autoridades de saúde. Os dados revelam que 10,5% das notícias falsas foram publicadas no Instagram, 15,8% no Facebook e 73,7% circuladas pelo WhatsApp. Além disso, o estudo ainda revela que 71,4% das mensagens falsas divulgadas pelo WhatsApp citam a Fiocruz como fonte das informações reunidas na fake news sobre a covid-19.

Dos principais riscos que as fake news trazem para a população, temos:

  • Optar por tratamentos de risco e curas milagrosas divulgadas em notícias falsas;
  • Adotar formas de prevenção não eficazes;
  • Quebrar o isolamento social;
  • Promover aglomerações;
  • Não se vacinar e motivar outras pessoas a recusar e desmoralizar as políticas de vacinação;
  • Evitar o uso de máscaras e aderir a outras ações que colocam a vida das pessoas em perigo.

O crescimento vertiginoso no volume de informações pouco ou nada precisas, ser divulgados diariamente pelos meios de comunicação e redes sociais, pode colocar em risco a vida das pessoas. Com isso, instituições da área da saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) se manifestaram sobre o assunto.

Comunicados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chamaram a atenção sobre os riscos das fake news. O órgão declarou que o mundo vive um outro tipo de surto, batizado como “infodemia”, que diz respeito à difusão massiva de informações falsas e rumores sobre a pandemia da covid-19 e suas variantes, comprometendo o acesso a dados com respaldo de cientistas e autoridades sanitárias.

“Informações imprecisas sobre a covid-19, a doença respiratória causada pelo coronavírus, estão se espalhando mais rapidamente do que o próprio vírus”, disse Aleksandra Kuzmanovic, gerente de mídias sociais da OMS, em entrevista à rede de televisão CNN, no início de março.

Para combater a propagação de fake news e notícias sem comprovação científica, que podem colocar em risco a saúde e a vida de milhões de pessoas, a OMS declarou que trabalha atualmente com empresas como Facebook, Twitter, Pinterest e Google para garantir que os usuários sejam direcionados a notícias e fontes confiáveis.

A intenção é compreender e modificar os dados que influenciam os algoritmos que direcionam aos usuários as informações mais compartilhadas ou que estão em alta nas respectivas redes.

Para combater os riscos da “infodemia”, diversos países e órgãos adotaram medidas fundamentais para enfrentar o problema. No site da OMS, por exemplo, foram disponibilizados infográficos que revelam os perigos das fake news e desmentem os principais boatos que circulam na internet sobre a pandemia.

Contribuindo para o movimento contra as fake news, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) permite a avaliação de conteúdos veiculados nos meios de comunicação no já citado aplicativo “Eu fiscalizo”. Através do app, os usuários podem acessar conteúdos relacionados não apenas ao coronavírus, como também assuntos de saúde pública em geral.

Outra medida tomada no Brasil é de autoria do Ministério da Saúde. O órgão disponibiliza, em seu site, uma página completa sobre os perigos das fake news. Através de um canal de denúncias on-line também é possível inserir o título, link e data de publicação das notícias para checagem e esclarecimento por parte do Ministério.

Sinais claros de que você recebeu uma fake news 

As fake news tomaram proporções tão grandes que, hoje em dia, têm ficado cada vez mais complicado se assegurar de que as informações contidas na notícia divulgada ou recebida em suas redes sociais são realmente verdadeiras.

Mesmo assim, existem alguns pontos que podem ser observados e avaliados para identificar se aquela mensagem, notícia ou matéria que você acessou ou recebeu pelo WhatsApp, Facebook ou outra rede social é falsa ou verdadeira.

Veja alguns sinais que podem mostrar que o conteúdo disseminado na internet recebido é duvidoso ou falso (fake):

O texto, áudio ou vídeo é alarmista

Títulos e textos muito alarmistas são uma tática antiga para despertar a atenção dos usuários e conseguir mais acessos. Mesmo assim, se uma notícia parecer muito fora de contexto, irreal, absurda ou inacreditável, esse pode ser um sinal de fake news.

Informações vagas

Textos sem dados concretos, informações genéricas, com poucos detalhes e sem identificação podem ser um sinal de notícia falsa.

Erros de digitação e órgãos com nomes e siglas erradas

Os produtores de notícias fake não checam dados, tampouco se preocupam em verificar se nomes e siglas de organizações estão corretos. Em grande parte, instituições são utilizadas e citadas em fake news para validar argumentos ou falsificar dados. Por isso, avalie se as siglas estão certas, se os nomes dos órgãos correspondem e se há muitos erros de digitação, concordância e até mesmo vírgulas.

Exemplo:

Certo: Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Errado: Tribunal Superior de Justiça (TSJ)

Datas

Em momentos críticos, é comum que muitos textos antigos voltem a circular pelas redes sociais, principalmente quanto um assunto vira notícia. Fique atento à data da publicação das matérias e se são referentes ao período em que estão sendo divulgadas.

Dicas para te ajudar a identificar a veracidade das notícias

Como forma de ter acesso à informação de qualidade e garantir que o conteúdo acessado tenha procedência e seja real, é preciso ter atenção a muitos itens antes de compartilhar os dados com outras pessoas.

Para driblar os perigos das fake news, é necessário seguir algumas etapas. Confira 7 dicas para verificar a veracidade das informações ou notícias:

  1. Leia a notícia completa, não apenas seu título e o subtítulo;
  2. Confira a fonte, o nome do jornalista ou a autoria da notícia;
  3. Tente digitar o título da notícia recebida em buscadores da internet para conferir em quais portais ela foi divulgada;
  4. Avalie os fatos da notícia e tente conferir os números apresentados individualmente;
  5. Se receber apenas uma imagem, faça uma busca através das ferramentas de “Imagens” dos buscadores on-line;
  6. Se recebeu a notícia apenas em áudio ou vídeo, digite algumas frases no buscador ou resuma o acontecimento e realize a pesquisa no buscador;
  7. Por fim, pergunte à pessoa que te encaminhou a notícia sobre a fonte e cheque informações sobre os dados de quem ela recebeu e se a pessoa conseguiu verificar a informação antes de você.

Sites e aplicativos que te ajudam a identificar fake news

Além de incorporar as dicas citadas acima na sua rotina, você também pode verificar a autenticidade das informações recebidas pelas redes sociais através de sites e aplicativos criados para validar as notícias e denunciar as fake news.

Confira alguns deles:

Site Boatos

O site Boatos foi criado em 2013 para verificar a autenticidade de notícias que são populares na internet. Desenvolvido pelo jornalista Edgard Matsuki, o foco original seria identificar boatos com o intuito de criar entretenimento, além de despertar a curiosidade dos usuários. Com a pandemia e a disseminação crescente das fake news, a plataforma foi se tornando, aos poucos, um serviço voltado para avaliar notícias em alta na web.

Todo trabalho é realizado por uma equipe de quatro jornalistas, incluindo o criador do site. As checagens são realizadas após as sugestões de notícias enviadas através da área de comentários de posts do site. Em sua maioria, os usuários enviam solicitações com links e recomendam a verificação por parte da equipe.

Você pode acessar o site Boatos.

Site E-Farsas

Um dos mais antigos sites focados na desmistificação de notícias falsas, o portal E-Farsas foi lançado em 2001 pelo ex-pedreiro e hoje Analista de Sistemas Gilmar Lopes. A iniciativa surgiu com intenção de usar a própria internet para verificar a veracidade das histórias que circulam e ganham notoriedade na web. No site, muitos boatos, notícias e informações popularizadas em diversas plataformas já foram desmentidos.

Todo o trabalho é realizado por uma equipe bastante enxuta, composta, na verdade, apenas por Gilmar. É ele o responsável por investigar os fatos e publicar as informações, desmentindo os eventuais posts divulgados.

A maior parte das sugestões são enviadas por meio da área de contato do próprio site.

Você pode acessar o site do E-Farsas clicando aqui.

Fake Check – Detector de Fake News

Criado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o Fake Check – Detector de Fake News é uma plataforma desenvolvida para checar notícias falsas que ficam famosas.

A iniciativa utiliza a tecnologia para analisar pontos que podem indicar que a notícia é falsa, como a forma de escrita, a conjugação de verbos, as vírgulas e outros fatores. Esse recurso é usado para determinar se um texto é verdadeiro ou não a partir de sutilezas e pontos que podem passar despercebidos pelo público em geral.

Você pode acessar o site do Fake Check – Detector de Fake News clicando aqui. O sistema também disponibiliza um bot do WhatsApp no número (16) 98112-8986.

Comprova 

O Projeto Comprova foi desenvolvido por uma equipe de jornalistas para realizar a checagem de fatos de notícias divulgadas em portais brasileiros. O foco da plataforma é investigar informações compartilhadas em fontes e nas redes sociais que podem ser inventadas, enganosas e até mesmo deliberadamente falsas.

O projeto ficou famoso por investigar notícias falsas compartilhadas durante as eleições brasileiras em 2018. A ideia é checar textos, vídeos, imagens e gráficos que contenham declarações, especulações e rumores com conteúdo duvidoso.

Os jornalistas envolvidos no projeto fazem parte de 24 veículos de informação brasileiros, incluindo portais e agências de comunicação como Exame, Folha de S. Paulo, Nexo, Nova Escola, Estadão, Uol e Veja.

As notícias que ganham projeção na internet podem ser enviadas para apuração através das redes sociais do projeto, como o Facebook e Twitter. Também é possível utilizar o WhatsApp para fazer as denúncias através do número (11) 97795-0022.

Você pode acessar o site do Projeto Comprova clicando aqui.

Aos Fatos

Membro da International Fact-Checking Network (IFCN) e contratada pelo Facebook, a agência Aos Fatos é uma iniciativa voltada para checagem de informações e fatos, principalmente nas redes sociais.

Composta por jornalistas responsáveis por verificar a veracidade dos conteúdos, a agência é voltada para a identificação de informações públicas de acordo com a relevância.

No portal, as notícias são verificadas em suas fontes originais e classificadas em sete categorias diferentes:

  • Verdadeiro;
  • Impreciso;
  • Exagerado;
  • Distorcido;
  • Contraditório;
  • Insustentável;
  • Falso.

As denúncias para a agência podem ser feitas por meio do Facebook e do Twitter. Além disso, você pode utilizar a hashtag #vamosaosfatos para solicitar a verificação da equipe.

Você pode acessar o site da Aos Fatos clicando aqui. O programa também disponibiliza um canal de comunicação direta através do WhatsApp no número (21) 99956-5882.

A Unijorge te ajuda a combater as fake news

Os alunos do curso de graduação em Jornalismo da Unijorge se uniram ao movimento contra as fake news e reuniram dicas e sugestões que podem ajudar a identificar notícias falsas e evitar a disseminação de conteúdos duvidosos.

Como forma de contribuir para frear o compartilhamento de notícias falsas e a desinformação, os alunos se reuniram para ajudar você a saber como identificar se uma notícia é fato ou fake.

Siga o passo a passo compartilhado no Instagram da Unijorge e garanta a segurança e confiabilidade das informações que você recebe e compartilha on-line.

Clique aqui e acesse o post.

Se você deseja construir uma carreira em Jornalismo e vivenciar os desafios de criar matérias e notícias de qualidade e conteúdos de referência para o setor, conte com a Unijorge para iniciar essa incrível jornada rumo ao desenvolvimento da carreira dos seus sonhos.

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